sexta-feira, 4 de setembro de 2015

flor esta

deito-me no chão de águas
em que minha alma mora
- e deixo-me brotar


(a Primavera me espera,
seja lá como flor...)





obra de Yves Pires

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

prontas entregas

Foto de Adriana Barata.


durmo desejando engravidar de versos
para todos os dias colocar um poema
no colo dos teus olhos






escultura de
Marie-Paule Deville-Chabrolle  

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

desuso

 
tempo insano
alma dura
o corpo inverna
a rima cochila

- só e imatura.






detalhe escultura
Marie-Paule Deville-Chabrolle

domingo, 30 de agosto de 2015

inconstitucionalissimamente PEC 215 - o palavrão nacional

Foto de Adriana Barata.

                        Criança Munduruku                       

                       Foto de Rachel Gepp

No início desta semana, compartilhei uma imagem que dizia NÃO a PEC215 (que transfere ao Congresso Nacional a responsabilidade pela demarcação de terras indígenas). Entre os poucos comentários, um do primo Felipe:

“Não sei... mas as terras indígenas estão tomadas por estrangeiros. Vcs acham mesmo que eles querem mimar nossos índios? O comentário aqui em Brasília é que eles querem explorar os índios.”

Fiquei um par de dias sem acessar o FB, mas quando finalmente li seu comentário, pensei tanta coisa que... Bem, não resisti:




Uma carta para meu primo.


Eu sei, primo.

Claro, sei algumas poucas coisas. Umas são tão simples e óbvias que me permitem usá-las como alicerces confiáveis (biológica e historicamente) para minha singela opinião.

Ao longo desta missiva perceberá que, de certa maneira, vou focar nas etnias que habitam a Floresta Amazônica.

Faço-o por dois motivos (e suas consequências): 

um - a já antiga e cada vez mais perigosa degradação daquele ecossistema; 


dois – minha indignação (humana e cívica) ao ver essa degradação sendo ‘legitimada’ (AGORA explicitamente) e alavancada pelo poder público.


Refiro-me aqui ao plano suicida de ‘desenvolvimento-a-qualquer-curso’ (remetendo-me à abertura da Transamazônica durante a Ditadura) com seus absurdos projetos de hidrelétricas nos rios da região norte. Obras com gigantescos (e irreversíveis) impactos ambientais e - sabidamente – com tradição de desrespeito aos direitos indígenas. Cito a consulta PRÉVIA às populações atingidas, garantida pela Constituição de 88; e, APÓS o início das obras: o não cumprimento das condicionantes.

Ora, são brasileiros como eu e você. Não é legal, né? Por isso existem direitos e deveres. E são para todos.

Faço questão de reforçar que a luta legal pela posse ou demarcação de terras indígenas em várias regiões do país – também está inclusa quando me posiciono FRONTALMENTE contrária a Proposta de Emenda Constitucional 215/2000.

Estou e sempre estarei do lado da justiça. Da Justiça legal e da justiça moral. Se ambas me dizem SIM, julgo a causa justa.
 

Bem, vamos lá!



“... mas as terras indígenas estão tomadas por estrangeiros.”

A questão é: esses estrangeiros estão nessas terras legalmente? Foram convidados? E quando digo ‘convidados’ me refiro a um convite feito pelos DONOS da ‘casa/aldeia’. Se o foram e estão LEGALMENTE em nosso país - não há muito o quê dizer.

Mas, se com “tomadas por estrangeiros” você quis dizer que pessoas/multinacionais estão se apropriando e se instalando em terras indígenas, sob as vistas grossas dos nossos representantes públicos: aí sim – há muito o quê dizer.

E esperar que se faça. A Justiça está aí para isso.

 



“Vcs acham mesmo que eles querem mimar nossos índios?”

Hummm... O que você quer dizer com ‘mimar’? Encher de cafunés? Ou mimar no sentido de lhes satisfazer as vontades? Talvez encher de presentes como fazem nossos papais e mamães brancos? Ou seria dar-lhes presentes grandiosos como Belo Monte?

Mas se é dar-lhes voz para que falem por si, se é dar-lhes a importância humana e cultural que nós, tão estrangeiros quanto, não lhes damos...

Mas e se esses estrangeiros roubarem, e pior, patentearem valiosos conhecimentos endêmicos?

(Olha que pensando globalmente, como terráquea que sou, até dava para ser radical: se pelo menos descobrissem a cura do câncer, no futuro muita gente iria se beneficiar. Mesmo que isso nos custasse caro – em todos os sentidos... Mas ligue não, meu rei esse minino, isto foi só um devaneio acalorado. Obviamente sou contra a biopirataria. Ou qualquer tipo de exploração.)

Penso que devíamos investir em preservação, pesquisa e tecnologia para, de uma maneira nova, justa, sábia, sustentável – e em estreita parceria com os povos da floresta - podermos todos usufruir dessa rica biodiversidade.



“O comentário aqui em Brasília é que eles querem explorar os índios.”

Ué, então precisamos ajudá-los/alertá-los!

Eu, tu, eles, TODOS os brasileiros. E os amigos que os índios elegem também.

Índio não é bobo.

Mesmo porque bobo e puro são coisas diferentes, né? Podem existir muitos ameríndios ainda puros (do ponto de vista etnológico): os isolados, os que evitam contato, mas os grupos que já mantêm diálogo com o ‘homem branco’ há algumas gerações - não, eles não são bobos.

Suponho apenas que sua cultura (e modus vivendi) não os aparelhou com certas defesas humanas características do processo civilizatório/capitalista; talvez lhes falte malícia em situações específicas, o que creio estar intimamente associado ao desconhecimento das fronteiras tecnológicas/econômicas do ‘homem branco’.

Um exemplo do abuso dessa ‘pureza ou falta de malícia’ é o caso que ficou conhecido como ‘Sangue Yanomami’. Provavelmente aí em Brasília você já tenha ouvido algo a respeito. Entre as décadas de 60 e 70 pesquisadores americanos coletaram (no Brasil e na Venezuela) amostras de sangue de índios de várias etnias e o fizeram sem a autorização das lideranças desses povos. Recentemente, mais de 2000 frascos contendo sangue yanomami foram repatriados e devolvidos à comunidade Piaú.

Então, veja bem, baseando-me no termo usado por você: ‘O COMENTÁRIO aqui...’ (que, convenhamos, é por demais evasivo) - a verdade é que precisaríamos ser muito inocentes para achar que só (agora) estrangeiros possam estar (querendo) explorando os índios. Tem mineiros, mato-grossenses, maranhenses, gaúchos, cariocas, amazonenses, paulistas...

Aliás, todos nós exploramos a Amazônia. Direta ou indiretamente contribuímos para a exploração física e social da floresta e das pessoas que vivem sob ela.

E, não, antes que se faça uma falsa correlação entre ‘ok estrangeiros nas aldeias indígenas’ com um ‘então é a favor da Internacionalização da Amazônia’- NÃO. Eu não sou a favor da internacionalização da Amazônia; mesmo não concordando com as diretrizes nacionais propostas (impostas?) para a região e mesmo sabendo que não estamos fazendo o que deve ser feito para proteger este patrimônio de importância incalculável e insubstituível.

Mas acredito que o meio ambiente possa vir a ter causas pensadas em conjunto, pacífica e sabiamente à luz da humanidade. Não falo em perda de soberania.



Bom, agora é juntar os pontos, ou riscar os Ts: TERRAS INDÍGENAS e FLORESTA.
 

É mais do que sabido que são eles que mantêm a floresta em pé. São centenas de anos vivendo em equilíbrio com seu meio ambiente.

(Desculpa agora um encantamento que me surge no horizonte da mente: não acha admirável que em pleno século XXI, entre satélites e ‘zap zaps’, existam seres humanos vivendo em total e harmônica autossuficiência dentro de florestas? Um lugar que, para a grande maioria de nós, seus contemporâneos caras-pálidas: é o retrato de um ambiente hostil e inóspito?)

É mágico isso, Felipe! É da ordem das coisas que deveriam ser amorosamente protegidas, cuidadas, defendidas e preservadas.

E até por um lado, digamos, ‘Nova Era’ (pelo qual tenho afinidade): é tanta gente buscando conexões espirituais, do xamanismo à física quântica - e tanto conhecimento ancestral bem aqui, debaixo dos nossos narizes (bem, no nosso caso em particular, narigudos que somos: há de ter um vasto e desconhecido mundo de sabedorias natas – por isso tão raras e preciosas. Façamos a nossa parte, primo, pelas gerações vindouras.).


Eu tento encontrar poesia.

Como ‘rios aéreos’... Acho poético.

UFJF, Curso de Biologia. Aula de Biogeografia. Evapotranspiração. ‘A imensa quantidade de vapor d’água que resulta da evapotranspiração realizada pela Floresta Amazônica forma uma massa de ar carregada de umidade que viaja até colidir com as elevadas paredes dos Andes; parte precipita alimentando a Bacia Amazônica, mas quantidades generosas de umidade são desviadas e se deslocam para outras regiões ajudando a garantir o equilíbrio hídrico das mesmas sob a forma de chuvas. Aqui no Sudeste inclusive. ’

Já na década de 80 eu conhecia e me maravilhava com este fenômeno. Agora, com a crise hídrica instalada, não é preciso ter quase se formado em Biologia para entender a íntima relação entre a Chuva Donzela visitando o Sudeste e a generosidade maternal de sua Grande Dama, a Floresta Amazônica.

Achei ótimo o desenho simples e esclarecedor que circulou nas redes sociais: um mapa-múndi localizando e demarcando nosso ‘Quadrilátero Afortunado’.


Mas por que a porção meridional da América do Sul, a leste dos Andes, não é desértica como áreas na mesma latitude?

UFJF, Curso de Biologia. Aula de Biogeografia. Evapotranspiração. ‘A imensa quantidade de vapor d’água...


Assim, visto que são os povos nativos - índios, ribeirinhos e quilombolas amazônidas - que mantêm a floresta em pé, e vivenciando na pele (seca) o que cientistas e ambientalistas vêm nos alertando há décadas: "A Floresta Amazônica não é uma CONSEQUÊNCIA do clima, mas, sim, a sua CAUSA." Eneas Salati em meados de 70 – digo NÃO a PEC215.

(Ainda mais com essa maioria, empoderada em bancadas, ocupando atualmente o Congresso. Uma maioria formada por pessoas e opiniões que - por essência e coerência – absolutamente não me representam.)

Enfim, sou TOTAL e FRONTALMENTE CONTRA a PEC215:

- por respeito ao ser humano e por não concordar com Emendas Constitucionais que rasgam direitos adquiridos. (Como cidadã, não gosto de retrocessos.)

‘Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.’

Obs: acordou-se que até 1993 todas as terras indígenas deveriam ser demarcadas. Não o foram.

- e, pelo mais egoístico dos motivos: SOBREVIVÊNCIA própria mesmo. Eu quero viver os próximos 50 anos que me restam (acho 96 um bom número) num planeta Terra como este que eu (ainda) (re) conheço...

E vejo na sobrevivência digna dos índios uma forte garantia da manutenção da Vida como ela é.

(Mad Max só é legal nas telas.).

E, primo: você me conhece, tenho meus rituais ‘amalucados’ e quero continuar reverenciando todas as NASCENTES que eu encontrar e sendo abençoada teluricamente pela ÁGUA que brota delas.

OBS: ah, e antes que você, ou qualquer outro leitor (animado, hein) deste breve testamento, me aponte vários (e verdadeiros) casos de índios permissivos, índios subornáveis, índios isso, índios aquilo - eu exponho um pensamento que aprendi com papai: existem filhos da puta em todo lugar (não que ele usasse o termo chulo, chamava de ‘pilantra’).

Encafifada, na época aluna ginasiana do colégio Jesuítas, lembro-me de perguntar: mas acha que até mesmo um Papa pode ser canalha? E o que ele me respondeu? Nada. Só me fez a pergunta: “O Papa é humano?”.

Aliás, primo, um baita humanista esse nosso atual sumo sacerdote, não acha? Eu, embora neta de Zezé que-não-perdia-um-domingo-de-missa, não sou exatamente uma católica ao pé da prece, tendo mais para essa coisa (lógica) de achar a Natureza sagrada, de chamar o planeta de Mãe; mas quer saber? Acho o Francisco um fofo. Amante dos animais, amante da verdade, da vida, da humildade, da simplicidade, do bom humor, do meio ambiente, etc, etc, etc, ah – e dos índios.

‘É fim, agora, né, sô?!’

Já tô terminando! Falta só uma coisinha:

Querido primo: por favor, não tome como dirigidas belicamente nenhuma destas minhas palavras. Justo pelo contrário: são fontes incondicionais de carinho por você e sua linda esposa, claro – mas, e principalmente – pelo seu BELÍSSIMO casal de filhos!!! 

(Socorro, Fernanda e Felipe! O que são Paulo Victor e Marcela?! PARABÉNS! Que os Anjos Guardiões deles os iluminem e guiem vida afora.)

Que venham os netos! E que eles encontrem ares puros e águas limpas, vida, amor e paz em abundância!

Um bando de beijos-flor (Thalurania watertonii)



Juiz de Fora, 30 de agosto de 2015

jardim de sempre-ditas


Saudade de esperar o carteiro
trazendo pessoas dentro de envelopes.

Saudade de abrir o papel com cuidado
e uma certa impaciência.

Ali dentro: o tempo condensado,
a emoção plantada em linhas

brotando em fileiras de frases
perfumando o papel

e dando sabor à palavra
que ávida mordo com os olhos.



Carta do meu pai para mim.


foto Adriana Barata

sábado, 22 de agosto de 2015

casar

Foto de Adriana Barata.
 

terra e água se uniram
e foram virando barro


criando rastros um no outro
vivendo de respirar suas umidades


em busca da liga ideal
que do par faria unidade




Anhangá
2015


foto Adriana Barata

terça-feira, 18 de agosto de 2015

só lar

 
lavar sonhos empoeirados
amaciar sentimentos
perfumar palavras

depois correr pro terreiro
ficar lá o dia inteiro
bebendo o sol da tarde

secando o ponto das rimas
fazendo de cada varal uma estrofe
cheio de versos pendurados.




foto Pietkra Tebesko Neves

depois do pôr do sol

Foto de Adriana Barata.


depois,
me por ao pôr do sol
à espera de você
para terminar de vestir meu dia.


a noite que me desnude,
deitada no seu abraço
sorrindo para você
- morta de cansaço.






foto Pietkra Tebesko Neves

domingo, 16 de agosto de 2015

a-guarda


sinto por ele
um amor inventado
que guardo
tão precioso
tão real e verdadeiro
que na falta do seu cheiro
seu calor e seu abraço
me convenço de que falta um só traço
pra cruzar tempo e espaço
- e lhe ter em meu destino

(meu fantasma, meu menino
sorte a nossa o desatino
: eu ainda não o conheço,
mas estou sempre a caminho)


Anhangá
2015


foto Adriana Barata

terça-feira, 11 de agosto de 2015

presenteada


Quando o meu amigo Catatau Daniel Couto, co-diretor e roteirista do curta Barbante me entregou a claquete pouco antes de começarmos a rodar a primeira cena – levei um susto. 

Há menos de duas semanas, eu havia sido convidada pelo produtor Cézar Campos e pelos diretores (Catatau e Samir Hauaji) para fazer a assistência de direção e confesso que, já entrando assim, nos 45 do segundo tempo (ou, melhor: nos pênaltis), sentia-me bastante insegura para a função.
No set, armada com o roteiro, decupagens, ordens do dia e etc – eu era a portadora dos papéis. E agora – também da claquete. 

Objeto emblemático do ofício, todos que dela se aproximaram algum dia, ao menos uma única vez, já sentiram vontade de manuseá-la. Estou mentindo, meninos Nicollas Lima, Felipe Britto, Richard Oliveira Dos Santos e Pedro Augusto?

Cena 14, plano 1, take 1. Laura Cardoso e Marcinha Falabella.
Ufa! Foi de prender a respiração.
Mas a assistente de direção e a claquetista deveriam se fundir e funcionar azeitadas. Falhei muitas vezes; ora em uma, ora em outra função a mim confiada. (Não fosse meu amigo e parceiro do som, Fabinho Ferreira, e eu teria cantado takes desafinados e fora do tom, rs.).


Foi complicado. 

Mas, até então, não havia me dado conta de que vivenciaria um dos momentos mais especiais nesses quase dez anos de audiovisual...
Renomado diretor de fotografia juiz-forano, com 30 anos de experiência – Mauro Pianta, o Encantador de Partículas Luminosas, encarnou seu primeiro personagem, o Ventania. (Aqui aproveito para parabenizar a make up stylist e figurinista Mariana Upegui Rigoli: ma-ra-vi-lho-sa a sua caracterização!). 

Terça-feira, 04 de agosto de 2015, bairro Poço Rico, Juiz de Fora, Minas Gerais. O sol de meio-dia e tanto brilhava implacável. O trânsito era ruidoso e intenso. 

Cena 11.
Posicionei a claquete na altura do rosto do Mauro e, por um breve segundo – me emocionei. “Soltei câmera” “Foi som”.
Pela primeira vez num set, ele estava vendo as costas da claquete.
(Clack!)
Está com você. Venta, Ventania!
Inesquecível, Maurinho, inesquecível.
Gracias pelo presente, Barbante! 


OBS: solidária também com a emoção sentida pelo diretor de fotografia Kiko Barbosa! Parabéns para Criador e Criatura!


foto Caio Lima

quinta-feira, 23 de julho de 2015

espera ativa




e se tu apareceres
e eu não estiver pronta?

e se nua me encontrares
correndo pela casa
a buscar rimas mornas
para meus versos ainda crus?

Ainda assim:
me verás poema?


Anhangá
2013

foto Adriana Barata

terça-feira, 21 de julho de 2015

ver-te olhar


o que sinto
brotou em mim feito nascente.

inesperadamente
um olho d’água se abriu

: e o mundo inteiro
coube ali
- sem reticências.



(a menina desse olhar - era eu.)


Anhangá
2013


foto Adriana Barata

domingo, 19 de julho de 2015

tapete


o tempo e o vento
brincaram de roda

Horas e Ventanias
giraram suas saias
e tanto bailaram
que no fim da festa
só o que resta
é um chão colorido

: de pedras e pétalas
- perfumado





Barbacena
2012


foto Adriana Barata

em frente


quando
- sem dúvidas -
você em mim mergulhar:
deixe meu silêncio oceânico
lhe contar do que sei

do tempo
de nós
das voltas
que deram
as águas do rios
para ao Mar
chegar...



Cabo Frio
2015


foto Adriana Barata

a dança das horas


certa hora
- será a hora certa.

serenai, ponha sentido
: estamos no curso do infinito.



Anhangá
2013



foto Adriana Barata

sábado, 18 de julho de 2015

inaugural




Com você,
tudo será pela primeira vez.

Amanheceremos na manhã dos tempos
e o pôr do sol virá
- e será como se nunca o Sol
houvesse se posto antes.



Cabo Frio
2015 

foto Adriana Barata